Anual de Arte

FAAP 2011

42 EDICÃO ANUAL DE ARTE DA FAAP

A mostra organizada anualmente pela Fundação Armando Alvares Penteado FAAP, desde 1964, para apresentar a produção plástica dos integrantes de seus cursos e programa, pode ser vista como uma das mais tradicionais e duradouras exposições de arte contemporânea da cidade de São Paulo. Desta forma, a 42ª Anual de Arte da FAAP1, apresenta um recorte com a presença dos vinte e dois alunos selecionados e traz, ao público que a visita, um conjunto de quarenta e cinco obras que possibilitam um olhar panorâmico sobre a experiência das práticas artísticas contemporâneas desenvolvidas pelo corpo discente da Fundação, particularmente aquele vinculado às pesquisas de natureza visual.

Ainda que, por sua duração e permanência no circuito artístico da cidade, a história da mostra seja conhecida, é oportuno lembrar que a Anual de Arte da FAAP tem seu início associado ao curso de formação de professores de desenho,
um dos pioneiros nesta condição, em São Paulo, ainda na década de 1950; mas a exposição esta, também, e muito próxima da origem do Museu de Arte Brasileira da FAAP e, mais claramente, da própria criação da Faculdade de Artes Plásticas ainda em meados da década de 1960. No decorrer das décadas seguintes, em particular no início da década de 1990, ela se desenvolveu, ampliando-se para receber, de outro lado, a produção dos alunos originários dos cursos que passaram a integrar a Faculdade, ao longo daquele período, como os de Desenho Industrial, Comunicação Visual e Arquitetura. Desta forma a mostra consistiu, até meados dos anos de 1990 – e, nesta condição, também sem um processo seletivo definido e explícito – na apresentação do conjunto de trabalhos resultante da participação do corpo discente dos cursos da Faculdade de Artes Plásticas.

Desde 1999 uma nova diretriz foi implementada e a exposição foi tomando a feição e o perfil que hoje apresenta, ou seja, uma proposta de direcionar-se ” Inaugurada em 06 de dezembro de 2010, a mostra permanecerá aberta ao público até o dia 06 de fevereiro de 2011.

especificamente para a seleção, apresentação e articulação de um conjunto de manifestações na área de artes visuais. Nesse sentido, a mostra se propõe, ainda, a apontar o que pode ser visto como potencial, e como possibilidades da produção visual.
Outra característica fundamental e inerente ao projeto da Anual é sua forma ampla de participação, traduzido no processo de inscrição e seleção oferecido, de forma aberta a toda a comunidade da Instituição, o que afirma, uma vez mais, seu projeto de fomento e suporte às atividades de natureza criativa, artísticas e culturais. A seleção das obras inscritas, e temos aqui uma peculiaridade do processo que se faz pela apreciação dos trabalhos e não como é mais habitual, em processos desta natureza, por intermédio de registros e documentos (fotografias ou portifólios), possibilita a organização da mostra que proporciona uma leitura das investigações desenvolvidas, pelos alunos, a partir de ações iniciadas no âmbito acadêmico.
Na quadragésima edição, realizada em 2008, a Anual de Arte apresentou um panorama documental dessa trajetória, desde a criação, em 1964, e possibilitou desta forma uma compreensão de sua dimensão de atuação, bem como deixando transparecer sua inserção no circuito artístico da cidade, ao longo de suas cinco décadas de existência. Este exercício de investigação sobre sua trajetória foi fundamental para destacar a importância de reflexões sobre a própria história da Instituição e seu papel na constituição do ambiente artístico, no qual se insere.

A Anual de Arte, mesmo entrando agora em sua quadragésima segunda edição, ainda pode ser apresentada como uma atividade que privilegia a inovação e o potencial criador, integrando o projeto institucional da Fundação e que, de forma coerente com seus objetivos e ideais, atua incentivando e apoiando a produção artística e cultural, mas também, e principalmente, no sentido da valorização das atividades da Faculdade de Artes Plásticas ao oferecer condições e suporte para a visibilidade externa, da produção visual contemporânea, que é o objeto de investigação e formação profissional, fundamental da Faculdade. O apoio implica, assim, no reconhecimento da relevância do trabalho de seu quadro docente e discente e na crença do papel e do potencial da arte como agente no processo de reflexão e transformação, no mundo contemporâneo.

A exposição reúne as propostas destacadas por uma comissão de seleção e premiação, sempre constituída por profissionais atuantes nas distintas áreas da produção e prática artística, como artistas, pesquisadores, críticos, curadores e historiadores. Para esta edição a Comissão foi constituída por Ligia Afonso, Marilá Dardot, Marcos Moraes e Ricardo Resende que, ao selecionarem os alunos e sua produção, articularam uma possível compreensão, do conjunto da produção apresentada para este processo.

A pesquisa, bem como o caráter experimental são elementos fundamentais no que costumamos identificar como produção artística e, para a seleção aqui apresentada, foram dois dos principais critérios utilizados, possibilitando assim que, a mostra permaneça fiel ao seu espírito de dar visibilidade às propostas de inovação, mas também na busca por refletir a presença da diversidade de propostas, questões e tratamentos, identificáveis nas práticas artísticas contemporâneas, e das reflexões dela decorrente.

Para a Fundação, o objetivo principal ao realizar a mostra é incentivar a produção artística dos alunos, além de criar um espaço de reflexão a partir de novas ideias e percepções sobre a arte, tendo como ferramenta e interface a educação, expandindo este campo de experiências para além dos ‘muros acadêmicos’ e reinserindo-a na relação com um amplo e diversificado segmento de público.

Como programação paralela, e atividade complementar da exposição, e no intuito de afirmar seu caráter de espaço de discussão a Anual realiza atividades paralelas que, nesta edição se concretizam com a realização, no primeiro dia da mostra, de um encontro fechado, da Comissão de Seleção e Premiação com os alunos inscritos – selecionados, ou não – para conversas individuais, discutindo os diferentes aspectos dos respectivos trabalhos enviados ao processo de seleção.

Complementando o conjunto de atividades, serão realizados dois encontros abertos ao público e interessados na última semana da mostra, o primeiro com a Comissão, e o segundo com Rodolpho Parigi e Bruno Faria, os artistas convidados.
Os encontros têm como objetivo potencializar os momentos de trocas reflexivas sobre estas experimentações e práticas artísticas contemporâneas perceptiveis no processo de formação dos alunos e visíveis, na exposição organizada a partir da seleção que constitui esta edição da Anual de Arte FAAP.
A FAAP é um pólo de investigação e difusão da produção de jovens artistas e que permite a vivência e experimentação das artes com seriedade e de acordo com as exigências do sistema artístico, Pensando na experiência com a arte como forma de potencializar as perspectivas de diálogo e aproximação entre artistas e participantes, então o espaço da Anual amplia, ainda mais, esta perspectiva, ao trazê-la para o espaço institucional da educação. Desde a primeira edição, em 1964, a mostra vem revelando artistas e inovando o conceito de arte contemporânea e criatividade ao longo de suas quatro décadas de existência.
Entrando, agora em sua quadragésima segunda edição, a Anual de Arte da FAAP; como uma mostra de artes visuais dos alunos da Fundação, nos convida a um olhar e uma reflexão sobre a produção artística contemporânea aqui representada, para tentarmos ver, nela, a inquietação presente na produção de jovens artistas em seu processo de formação.

Marcos Moraes
Coordenador do Curso de Artes Plásticas/ Produção Cultural
Programas de Residência Artística FAAP